Por João Marques Rosa Neto e Luciana de Oliveira Vilanova Chueri
Este segundo artigo, em continuidade ao anterior, “Comunidades de Práticas nas Organizações: o que são e quais os benefícios”, apresenta um resumo sobre a implantação de Comunidade de Práticas em organizações de grande porte.
Existem quatro tipos de Comunidades de Práticas, segundo a American Productivity & Quality Center (APQC, 2002):
- Comunidades de Ajuda (Helping Communities): focam na conexão entre seus membros, de forma que os mesmos possam facilmente solicitar ajuda para resolução de problemas específicos e espontaneamente compartilhem idéias;
- Comunidades de Melhores Práticas (Best-practice Communities): focam no desenvolvimento, validação e disseminação de práticas que são consideradas por um grupo de validadores como melhores práticas. Estas são armazenadas em uma Base de Conhecimento;
- Comunidades de Administração de Conhecimento (Knowledge-Stewarding Communities): visam organizar e administrar o conhecimento coletivo da Comunidade, incluindo o material que seus membros utilizam no dia-a-dia;
- Comunidades de Inovação (Innovation Communities): possuem como objetivo primário desenvolver idéias e práticas inovadoras.
Implantação de Comunidade de Práticas
O primeiro passo para a implementação de uma Comunidade de Práticas, independente do tipo, é a definição de sua identidade: qual a expectativa da organização com relação a esta comunidade, qual o tema que ela abordará, quem será seu grupo-alvo e quem será seu patrocinador.
Na seqüência da implementação, deve ser estruturado um modelo de governança que irá depender do tipo de CoP, se a mesma terá ferramentas associadas e do porte da organização. Esta governança definirá: a dinâmica de funcionamento, as atividades de gestão da comunidade e os papéis e responsabilidades de cada um dos membros desta governança. Um modelo simplificado de governança, adaptado de CAVALCANTI (CAVALCANTI, 2007) conta com três tipos básicos de membros:
- Coordenadores, que de maneira geral, são responsáveis pela definição da estratégia de implantação da comunidade e zeladores dos seus processos básicos;
- Multiplicadores, que atuam diretamente na motivação dos usuários em manter a movimentação na comunidade;
- Usuários, que farão uso do conhecimento registrado e contribuirão com o acréscimo de novos conteúdos.
O próximo passo, após a implantação da governança, é a estruturação do ambiente tecnológico em que a comunidade será desenvolvida e a criação dos processos básicos de funcionamento da mesma (publicação, validação, cadastramento de membros, etc.).
Com a comunidade desenhada inicia-se o planejamento dos treinamentos, um específico para cada perfil. Primeiramente, estes são realizados para os coordenadores e multiplicadores considerando suas atribuições específicas. Em seguida, o treinamento dos usuários da comunidade dá continuidade ao processo, tendo como objetivos fundamentais: garantir a equalização dos usuários na comunidade, incentivar a sua participação efetiva nas atividades da comunidade e obter o feedback da percepção deles em relação a comunidade buscando um comprometimento dos mesmos.
Conclusão
Vários são os fatores críticos de sucesso para o processo de implantação de Comunidade de Práticas e estes serão abordados na terceira parte deste artigo: “Fatores Críticos na Implantação de uma Comunidade de Práticas”.
Em linhas gerais, o processo de implantação de qualquer comunidade de práticas: define a sua identidade, cria estrutura de governança, estabelece processos básicos, define ambiente tecnológico e realiza treinamento de membros. No entanto, a forma como cada Comunidade de Práticas é definida e estruturada em uma organização, de acordo com a APQC (APQC, 2008), pode variar muito, dependendo da filosofia da organização, do que ela espera da comunidade e das circunstâncias na qual ela é criada. Independente destas especificidades, a implantação da comunidade será tão melhor sucedida quanto for a participação de cada membro dentro de suas atribuições.
Referências Bibliográficas
APQC American Productivity & Quality Center, Farida Hasanali, Cindy Hubert, Kimberly Lopez, Bob Newhouse, Wesley Vestal, Carla O’Dell. Communities of Practice: A Guide for Your Journey to Knowledge Management Best Practices. APQC. 2002.
APQC American Productivity & Quality Center. Communities of Practice: Overview. APQC. 2008. Disponível em: <http:// http://kmedge.org/cgi-bin/mt/mt-search.cgi?tag=CoPs&blog_id=1>. Acesso em: 03/12/2008.
CAVALCANTI, M., NEPOMUCENO, C. O Conhecimento em rede: Como implantar projetos de inteligência coletiva. Ed. Campus. 2007.
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